Pesquisadora do Mestrado em Geografia do Câmpus de Aquidauana participa de pesquisa revolucionária na datação da megafauna das Américas

Postado por: Geovandir Lordano

Pesquisadores identificam locais com as últimas espécies da megafauna nas Américas e rompem com o consenso de extinção há 12 mil anos. Últimas espécies viveram além da Era do Gelo.

 

A paleontologia brasileira  foi agitada nos últimos dias com a publicação de novas e surpreendentes descobertas em torno da megafauna das Américas. Oito datações radiométricas por carbono de fósseis da megafauna de mamíferos nas localidades de Itapipoca (Sítio Paleontológico do Jirau, Ceará) e no rio Miranda (Mato Grosso do Sul) revelaram uma idade inesperada para os fósseis da megafauna brasileira. A surpreendente idade de aproximadamente 3.500 anos para o fóssil de Xenorhinotherium e de Palaeolama revolucionam o que hoje conhecemos sobre os eventos de extinção ao final da Era do Gelo há 11.700 mil anos.

Fragmento de mandíbula e do dente (Datado 4.900 anos antes do presente de preguiça-gigante (Eremotherium laurillardi), marcando os últimos momentos antes de sua extinção em terras do Mato Grosso do Sul (Reprodução).

O artigo “3,500 years BP: The last survival of the mammal megafauna in the Americas“, publicado na edição 153 do periódico Journal of South American Earth Sciences analisa a fauna que existiu no Brasil após os eventos de extinção dos grandes mamíferos e os motivos climáticos da alteração da biota durante o tempo presente.

Para a pesquisadora Edna Maria Facincani, vinculada PPGeo/CPAQ/UFMS e coautora da pesquisa, o estudo demonstra que foram vários os fatores que contribuíram para o processo de extinção das espécies pesquisadas, o que não ocorreu de maneira abrupta, repentina, mas sim ao longo de um período de tempo bem maior do que se tinha como consenso na paleontologia.

A presença de animais da “Era do Gelo”- como as preguiças gigantes (Eremotherium laurillardi), as paleolamas (Paleolama major), os mastodontes (Notiomastodon platensis), os tigres dentes-de-sabre (Smilodon populator), os toxodontes (Toxodon platensis) e a espécie Xenorhinotherium bahiense – há poucos milhares de anos revoluciona o que hoje se discute sobre os eventos de extinção abrupta no limite do Pleistoceno- Holoceno. As idades obtidas no estudo, junto com a evidência arqueológica, demonstram que as teorias de caça predatória por humanos e rápida expansão humana para novos territórios não são muito adequadas para explicar a extinção da megafauna na América do Sul.

A equipe da pesquisa, além da professora Edna Maria Facincani (PPGEO/CPAQ/UFMS), é composta pelos pesquisadores Fábio Henrique Cortes Faria (UFRJ), Ismar de Souza Carvalho(UFRJ), Hermínio Ismael de Araújo-Júnior (UERJ),e Celso Lira Ximenes (MUPHI).

A equipe de pesquisadores que assina o artigo publicado no Journal of South American Earth Sciences, a partir da esq.: Ismar Carvalho, Fábio Faria, Hermínio Araújo Jr., Edna Maria Facincani e Celso Ximenes (Fotos: Divulgação)