OBSERVA-GEO divulga índice nacional de preços ao consumidor – outubro 2022

Postado por: Geovandir Lordano

Autor: Fernando Rodrigo Farias – UFMS/CPAQ – Professor da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul Campus de Aquidauana. Publicado originalmente em https://obgeo.ufms.br/

Foi divulgado nesta quinta-feira (16/11/2022) o primeiro relatório do OBSERVA-GEO com os dados do Índice Nacional de Preços ao Consumidor, referente a outubro de 2022. O Observatório de Geoeconomia e Análise Socioespacial Regional (OBSERVA-GEO) foi criado e oficializado em 2022 e conta com docentes do PPGGEO/CPAQ. A iniciativa do observatório surgiu pela necessidade de aproximar a dinâmica das pesquisas acadêmicas e a sociedade. O recorte geográfico de abrangência de atuação do observatório será: Mato Grosso do Sul – Centro Oeste – Brasil – mundo.

No dia 10 de novembro de 2022 o Instituto brasileiro de Geografia e estatística publicou os dados da pesquisa conjuntural Índice Nacional de Preços ao Consumidor com referência ao mês de outubro 2022. Dentre as informações divulgada está o peso mensal ao consumidor referente aos grandes grupos de produtos e serviços consumidos no dia a dia da população brasileira e que formam a base geral do custo mensal das famílias no Brasil.

Quadro 1- Peso mensal por grupos de produtos e serviços ao consumidor -outubro 2022 (%).

Fonte: Índice Nacional de Preços ao Consumidor – outubro 2022

Disponível em: https://sidra.ibge.gov.br/pesquisa/snipc/inpc/quadros

O quadro 1 mostra que os principais grupos que compõe a maior parcela do custo mensal ao consumidor é a alimentação (24,82%), Habitação (17,28%), Transporte (19,26%) e a saúde (11,27%). A soma total dos grupos e serviços citados soma 72,63 % do custo médio mensal familiar.

O gráfico 1 mostra o percentual da variação acumulada no ano de 2022 referente aos grupos e serviços no peso mensal das despesas aos consumidores.

Fonte: Índice Nacional de Preços ao Consumidor – outubro 2022

Disponível em: https://sidra.ibge.gov.br/pesquisa/snipc/inpc/quadros

Os destaques para a variação positiva ficaram para os grupos de alimentos e bebidas (+10,48%) variação média de acima de 0,60% ao mês. O setor de vestuário com variação positiva de (+15,25%) com variação positiva média mensal de 1,3% ao mês e serviços de saúde que a variação foi positiva (+11,13%) com variação mensal de 0,93 % ao mês.

Para fins comparativos o quadro 2 apresenta o peso mensal de 3 importantes grupos e setores (alimentos, vestuário e saúde) nos anos de 2016 – 2017 — 2018 e 2019.

Quadro 2- Peso mensal ao consumidor para os grupos de alimentos – vestuário e saúde na comparação Outubro de 2016 – outubro de 2017 e outubro de 2019.

Fonte: Índice Nacional de Preços ao Consumidor

Disponível em: https://sidra.ibge.gov.br/tabela/1100#resultado

Nota-se que na comparação com referência ao mesmo mês (outubro) dos anos de 2016 -2017-2019 o percentual que representava o custo mensal em produtos de vestuário por exemplo diminuiu na comparação a outubro de 2022, ou seja, se em 2016 a 2019 a média do custo mensal em vestuário era de 7,06% em 2022 passou a representar 5,54%. O dinamismo desta redução poderá ser analisado levando em consideração o fato de que alguns grupos de despesas como a alimentação sofreram aumento acima do poder de compra da população aumentando o peso mensal em alimentação, havendo a necessidade na maioria dos casos de diminuir os gastos a exemplo de vestuários para manter aqueles custos essenciais e indispensáveis como o da alimentação.

A Pesquisa de Orçamentos Familiares (IBGE 2018) quadro 3, mostra o gasto mensal médio por faixa de ganho mensal em alimentação no ano de 2018.

Quadro 3- Média em despesa mensal familiar com alimentação por classes de rendimento (R$) em 2018.

Fonte: IBGE – Pesquisa de Orçamentos Familiares.

Um dos itens que contribuíram para o aumento do custo mensal em alimentação é o preço da carne[1]. Além dos efeitos negativos da pandemia outros fatores podem ser apontados como os responsáveis pela alta dos preços desta proteína.

Um dos fatores é a alta dos combustíveis (óleo diesel) utilizado em caminhões onde seu uso a preços elevados eleva-se o custo da logística de distribuição das mercadorias consumidas pela população. Outro fator é a alta dos preços das commodities a exemplo do milho, soja e trigo (produtos básicos para a ração consumida nas cadeias de carnes) que acabou contribuindo para a elevação do custo de produção de cadeias importantes como carne e leite em que a alta tende a ser repassado ao consumidor.

Em relação ao aumento do custo de produção dos principais alimentos consumidos a exemplo do trigo, feijão, arroz estão relacionados principalmente ao aumento dos preços dos fertilizantes, defensivos e sementes (itens com alto índice de importação) que apresentaram aumentos dos preços por razões que vão desde a política de desvalorização da moeda nacional a guerra da Ucrânia e a Rússia que são mercados importantes que abastecem a necessidade de adubos e fertilizantes no Brasil.

De acordo com Comex [2](2021) os adubos e fertilizantes representaram em 2021 7,67% do total das exportações brasileiras. Se em abril de 2021 o custo por tonelada de adubos foi de US$ 280,00 em junho de 2022 o custo da importação saltou para US$ 790,00. Em outubro de 2022 o custo reduziu para US$ 570,00.

Em 2021 os estados brasileiros que mais importaram adubos e fertilizante foram: Mato Grosso US$ 2,7 bilhões (17,8% do total importado pelo Brasil). Mato Grosso do Sul US$ 2,6 bilhões (17,6%), Paraná US$ 1,9 bilhões (12,6%) e São Paulo US$ 1,7 bilhões (11,4%). Os principais países da origem das importações foram: Rússia (22,7%), Canadá (15,8%) China (8,98%), Marrocos (7,3%) e EUA (6,95%) Comex (2021).

Dessa maneira o conjunto de fatores sejam eles produtivos, políticos e econômicos vem contribuindo para que produtos e subprodutos agroalimentares se encontrem em preços mais elevados.

É exemplo disso o caso da carne que é um importante alimento fonte de proteína consumida no Brasil. De acordo com INPC/IBGE, em outubro de 2016 o custo mensal em carne representava 1,18% do peso mensal, índice que se manteve em outubro de 2017 (1,20%); outubro de 2018 (1,11%) e outubro de 2019 (1,09%). Já as pesquisas de outubro de 2020 o peso mensal saltou para (3,38%), outubro de 2021 (3,78%) e outubro de 2022 (3,55%).

Alguns grupos apresentaram queda no peso do custo mensal é o caso da habitação, comunicação e transporte. Este último beneficiado pelas medidas do estado (diminuição dos impostos e a intervenção momentânea no sistema de preços da Petrobras) o que causou a diminuição dos preços médios dos combustíveis o que resultou na queda do custo médio mensal do orçamento familiar.

Referências utilizadas

COMEX STAT. estatísticas de comércio exterior do Brasil. Gráficos interativos sobre os principais aspectos das estatísticas de comércio exterior- 2021 Disponível em: http://comexstat.mdic.gov.br/pt/comex-vis – Acesso em 16 de nov. 2022.

DIEESE -Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos.  Cesta básica nacional – 2022 Disponível em: https://www.dieese.org.br . Acesso em 15 de nov de 2022.

IBGE. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Índice Nacional de Preços ao Consumidor – outubro 2022 Disponível em: https://sidra.ibge.gov.br/pesquisa/snipc/inpc/quadros . Acesso em: 15 nov. 2022.

IBGE. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Índice Nacional de Preços ao Consumidor – outubro 2019 Disponível em: : https://sidra.ibge.gov.br/tabela/1100#resultado  . Acesso em: 15 nov. 2022.

IBGE. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Pesquisa de Orçamentos Familiares – 2018 Disponível em: https://sidra.ibge.gov.br/pesquisa/pof/tabelas

. Acesso em: 15 nov. 2022.

 

[1] Segundo o IPEA a partir do início da pandemia o preço médio das carnes aumentou 42,6% entre o início da pandemia até março de 2020.

[2] Para acessar os dados na íntegra: http://comexstat.mdic.gov.br/pt/home

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